domingo, 13 de novembro de 2011

Vencendo o Desânimo (A história de Josué e Calebe)


A Bíblia narra em seus cinco primeiros livros, conhecidos como Pentateuco, que após os israelitas se libertarem da escravidão no Egito, liderados por Moisés, os mesmos deveriam tomar posse da Terra Prometida, Canaã, ou Palestina, como conhecemos hoje. Quando Moisés percebeu que o êxodo para Canaã estava chegando ao fim, enviou doze espias para que fossem à frente do povo e analisassem o lugar que Deus havia prometido a seus pais (Abraão, Isaac e Jacó) no intuito de reunir informações sobre a região.
Os doze espias foram ao local e no retorno, narrado em Números capítulo 13 versículo 31 é possível notar o desânimo nas suas palavras: “Não podemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós”. Resumindo seu relato, constante no capítulo 13 de Números, os espias alegavam que os povos existentes na região eram numerosos, exímios na guerra e que eles, peregrinos no deserto, não teriam chance alguma ao guerrear contra a essas nações.
O povo entrou em pânico. De repente, a expectativa pelas boas novas que aguardavam ansiosamente daqueles doze homens se transformaram em angústia, desânimo e desespero.
Particularmente, acho incrível essa atitude dos israelitas: Incrível, porque grande parte deles haviam visto Deus abrir o Mar Vermelho para que os mesmos passassem. Incrível, porque viram o cuidado de Deus durante todos esses anos e em todos os sentidos: de dia como uma nuvem, para dar sombra ao povo e à noite como uma coluna de fogo para aquecer e iluminar a todos. Incrível, porque dia após dia o maná caía do céu e essas pessoas tinham mantimento para continuar a caminhada. Além disso, viram Moisés descer do Monte Sinai com a Lei de Deus e inúmeras outras que provavelmente nem estão narradas na Bíblia.



O relatório dos espias estava correto; porém, cheio de incredulidade. Os espias focalizaram as circunstâncias: o povo guerreiro vs. uma multidão de peregrinos, sem nenhuma tradição de guerra.
Lendo esse texto, pondero: será que cremos nas circunstâncias ou no que Deus nos prometeu fazer?
Quantos têm morrido por não acreditarem nas promessas de Deus! Deus tem prometido uma porta de emprego, a salvação de seu cônjuge, de seu filho, de seus pais, etc. Entretanto, muitas das vezes, olhamos para as circunstâncias e tendamos a pensar como esses espias, pois achamos que nosso Deus está sujeito às nossas conjunturas da vida, quando na verdade temos que ter uma atitude de fé que Ele cumprirá a promessa que fez a todos nós.
Uma certa passagem bíblica diz que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6). Faltou fé aos espias, digo, a dez dos doze espias. Havia dois cuja atitude fez a diferença: esses dois eram Josué e Calebe.
Em meio ao desespero e murmurações, os dois proclamaram diante do povo: “A terra, pela qual passamos a espiar é muitíssimo boa. Se o Senhor se agradar de nós, no-la dará; terra que mana leite e mel. (Números capítulo 14 versículos 7 e 8). A terra era realmente muito boa. Diz a narrativa que para carregar um cacho de uva eram necessários dois homens!


A maior batalha não consistia em lutar em meio a espadas, carros e cavalos: a maior batalha estava no interior daquela gente que insistia em não acreditar que Deus poderia levá-los à vitória.
A batalha para crer é a maior batalha que existe, maior que muitas guerras que já existiram. Josué e Calebe fizeram diferente; optaram por crer na vitória e, alguns versículos mais à frente, o próprio Deus dá testemunho de seus servos: “O meu servo Calebe tem outro espírito (...) e sua posteridade a possuirá” (versículo 24). Josué e Calebe viveram em atitude de fé a vida inteira. Leia, por exemplo, a história de Calebe no Livro de Josué, capítulo 14. Não importava as circunstâncias; eles sabiam que Deus lhe daria a vitória.
Todos nós precisamos aprender muitos com esses dois personagens bíblicos. Temos do nosso lado Deus, o Criador do céu terra e mar; o Filho, que deu sua vida por nós e o Espírito Santo, que nos consola e nos edifica ante as investidas do acusador. E muitas das vezes achamos que nossos problemas são maiores do que Deus!
Esposas pessimistas. Maridos desencorajados. Jovens que nunca tiveram sequer uma experiência com esse Deus que tudo pode. Esquecem que Deus pode suprir todas as nossas necessidades; até aquelas mais íntimas que estão escondidas nos porões de nossas almas.
O maior desafio da ciência é vencer uma enfermidade que até hoje não se conseguiu a cura: o câncer. Penso que a maior dificuldade da Igreja nesses últimos dias é vencer o desânimo.
A batalha consiste não em nos entregar ao que vemos ao redor e sim em apegar nas promessas de Deus. O maior desafio é mudar o foco.
Curioso é que o inimigo usa pessoas comuns para nos desanimar. Não foi nenhum demônio, nenhum pagão que desestabilizou o povo: foram as próprias pessoas escolhidas por Moisés. E que fica um conselho: pessoas sem fé acabam por fazer-nos desanimar.


A narrativa do capítulo 14 do Livro de Números começa com o choro dos israelitas. Geralmente, Deus valoriza as lágrimas; entretanto, essas lágrimas eram de incredulidade. O desânimo segue seu fluxo: 1º Lágrimas (Números 14:1); 2º Murmurações (Números 14:3) e 3º Rebelião (Números 14:4). O desânimo tem levado muitos hoje à blasfêmia e à rebelião: culpam a vida, a situação financeira, o ministério, o pastor, mas o que os faltam na realidade é a fé. É por isso que entendemos porque a Bíblia fala tanto de perseverança.
Geralmente nos apegamos em pregações espetaculares e manifestação de dons espirituais; entretanto, nossa vida é de apenas um coadjuvante, um mero expectador do trabalhar de Deus na vida dos outros. Daí pergunto: e nós? Cremos realmente que Deus pode realizar grande coisas através de nossas vidas?
O desânimo, como uma doença espiritual, tem levado muitos hoje à blasfêmia e à rebelião. Pessoas nesse estado oram até com emoção, porém com falta de fé. A fé persistente é algo que devemos pedir mais e mais. Precisamos da garra de Josué e Calebe. A moral dessa história toda é que não adianta o percurso percorrido, o que conta é a chegada.
Aquelas pessoas andaram por 10, 15, 20 ou até 30 anos ou mais, mas num ato de desânimo jogaram tudo a perder. Muitos dons e talentos pouco significam ao longo do percurso para a Canaã espiritual. O que realmente importa é o andar com fé perseverante em Deus 24 horas por dia; pois só assim, no final de nossa jornada, teremos forças para testemunhar o que Calebe disse quarenta e cinco anos após esse episódio, aos oitenta e cinco de vida: “ainda hoje me acho tão forte como no dia que Moisés me enviou; qual era a minha força então, tal agora é a minha força, tanto para a guerra como para sair e entrar. Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia (...) Porventura o Senhor será comigo para os expulsar, como Ele disse”.
Isso é que é fé e confiança no Deus que tudo pode. Que possamos ser como Calebe.

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