terça-feira, 30 de abril de 2019

A Síndrome da Igreja Vazia



Há alguns anos atrás, tive o privilégio de pregar na abertura de uma Convenção Interestadual, numa importante cidade da região norte do Brasil. Para não expor os irmãos queridos que conheci ali, não vou detalhar o nome da denominação, a data e a cidade onde tudo aconteceu. Até a imagem que ilustra esse artigo não é verdadeira.
Era uma Igreja relativamente grande: nas minhas contas caberia de quatrocentas a quinhentas pessoas sentadas. Visivelmente estava precisando de reformas e, reforma para um templo desse porte não fica barato.
Perguntei aos irmãos que ali congregavam quantas pessoas frequentavam o culto. A Igreja estava repleta de pessoas, vindas de diversas partes do país. 
- Quarenta pessoas, pastor. (respondeu um irmão com um ar de nostalgia).
- Quarenta pessoas, irmão?
Daí ele começou a rememorar os tempos áureos daquela comunidade, das bandas, dos pastores e obreiros que ali passaram.
- Mas, e o que aconteceu para agora só ter quarenta pessoas congregando aqui?
Daí, ele mudou de semblante. Com um ar de revolta, disse que o G12 havia "acabado" não só com aquela igreja, mas com as demais congregações e até de outras denominações.
Comecei a ponderar com o que havia acabado de ouvir. Como pode uma Igreja estabelecida, simplesmente ter uma debandada de ovelhas para outro lugar e, pelo que percebi, nunca mais sequer retornar?
Oração não era problema para aquela congregação. Fé, também não.
Com o passar dos tempos, percebi que, em muitas igrejas falta algo chamado organização e planejamento. Não vou entrar no mérito do G12 e nem de outros métodos que pululam nas igrejas evangélicas do Brasil afora, mas se faz necessário, para os ministérios que estão nessa situação crítica, repensar os seus valores, senão quiserem ver as suas igrejas à míngua.
Há ministérios com algumas décadas na estrada, que ainda não percebeu que a sociedade está em transformação constante e a igreja, como faz parte da mesma, também está em transformação. 
Alguns lerão esse artigo e dirão: mas Jesus não muda, o homem é quem muda!
Já ouvi isso de uma centena de pastores. Sim, "Jesus Cristo é o mesmo, ontem hoje e eternamente" (Hebreus 13:8), mas não é disso que eu me refiro. 
As igrejas mudam e o que deu certo no passado, pode não dar certo no presente. Li de um pastor muito antigo que, se a denominação dele, quando começou no Brasil, não tivesse demonizado a TV, e adquirido uma rede de TV, muito mais pessoas seriam alcançadas pelo Evangelho até o dia de hoje.
No entanto, por não assimilarem o momento em que viviam, demonizaram o rádio, a TV, o relógio de pulso e, agora, quando veem suas ovelhas buscarem alimentos em outros pastos, culpam o método, criticam-o.
Não é o objetivo desse texto exaltar o G12 ou qualquer outro método de evangelização que passar na cabeça do leitor. Meu objetivo é alertar os líderes que é seu dever cuidar das ovelhas que Deus lhe concedeu e que, as demandas da geração atual, bem como das posteriores serão diferentes.
Invista em seu ministério. Cuide das crianças; mas não se esqueça dos velhinhos! Faça trabalhos sociais. EVANGELIZE! Estude mais. Ore mais. Peça a Deus novas estratégias, pois quando Ele, naquele dia, for perguntar pelas almas que Ele te deu para apascentar, não venha a responder que a culpa é dos outros. De Deus não escondemos nada, nem mesmo a nossa mediocridade.